Fabricante brasileira fará transferência de tecnologia e terá 49% da joint venture. Sócia Jindal Steel investirá US$ 20 milhões
NOVA DHÉLI, Índia- A companhia brasileira Taurus e a indiana Jindal Steel anunciaram nesta segunda-feira, em Nova Delhi, uma joint venture para produção de armas de pequeno porte no mercado indiano, numa aproximação da industria bélica dos dois grandes emergentes.
A Taurus vai entrar com transferência de tecnologia e terá 49% da joint venture. A Jindal, que até agora está concentrada na produção siderúrgica, terá 51% e na etapa inicial investirá US$ 20 milhões.
‘Quem ama Modi ama Bolsonaro’: em data magna do país, indianos mostram admiração por brasileiro
O objetivo é atender inicialmente a demanda das forças de segurança na Índia. O acordo bilateral recebe incentivos do governo via um programa chamado ”Make in Índia”.
No sábado, numa cerimônia na Hyderabad House, o palácio que o governo indiano usa para banquetes e encontros com visitantes estrangeiros, Brasil e Índia assinaram 15 acordos bilaterias. Os governos dos dois países se comprometeram a dobrar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões em três anos.
Bolsonaro sobre Gandhi:‘Eu sou um capitão do Exército, ele é um pacifista’
Produção já no segundo semestre
A produção da joint venture vai começar já no segundo semestre, inicialmente fabricando revolver e pistola e depois armas militares. Abhyuday Jindal, diretor da Jindal, destacou que é a primeira joint venture desse tipo e um acordo muito importante porque há uma demanda enorme na Índia”.
Conforme o executivo, o armamento e a munição na Índia estão ”completamente ultrapassados e a Taurus tem armas excelentes que ajudaram a vencer guerras no mundo inteiro”.
Para Jindal, a parceria dará às Forças Armadas e polícia da Índia armas da última geração para estarem prontas ”a encarar qualquer desafio”. Salésio Nuhs, presidente da Taurus, prevê uma demanda militar indiana de meio bilhão de armas em cinco anos.
A Taurus é hoje uma empresa global, com fábricas no Brasil e nos EUA. Recentemente inaugurou uma nova fábrica na Geórgia (EUA). Depois de uma séria crise, a companhia se recuperou no Brasil e, no ano passado, já teve bons resultados e eliminou o endividamento, segundo Nuhs. O faturamento foi de R$ 1 bilhão no ano passado, e 80% das vendas foram para o exterior.
A Taurus é a quarta marca de armas mais vendidas nos EUA. No Brasil, o consumo de armas aumentou bastante, mas o mercado ainda é muito pequeno e tem enorme potencial, segundo o executivo.
Na Índia:Bolsonaro diz que redução de imposto sobre as empresas ‘não sairá tão cedo’
A CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), principal acionista da Taurus, já tem uma joint ventures com a indiana SSS Springs para produção de cartuchos para uso militar e de caça na Índia, acertada no ano passado.
A produção de cartuchos na Índia começará em 2021, inicialmente visando também o mercado doméstico. Alem do Brasil, a CBC tem fábricas na Alemanha e República Checa.
Enquanto a Taurus se expande no exterior, o deputado federal Eduardo Bolsonaro informou, em Nova Delhi, que vai trabalhar para abrir o mercado brasileiro de armas para companhias estrangeiras, com o objetivo de quebrar o ”monopólio branco” da Taurus, baixar o custo das armas e facilitar o acesso à população.
No entanto, para o presidente da Taurus o Brasil é diferente e nenhuma empresa bélica vai querer se instalar no Brasil nas condições atuais. ”Nós pagamos 70% de imposto para fabricar e criar empregos no Brasil. Se exportarmos armas dos EUA e da Índia, não pagamos nada. O Brasil vai virar é comprador no exterior”, disse Salésio Nuhs.
O anuncio da joint venture entre Taurus e Jindal Steel ocorreu nesta segunda-feira durante o primeiro ”Brazil-India Defence Industry Dialogue”, um seminário da indústria de defesa dos dois países, à margem da visita do presidente Jair Bolsonaro à Índia.
Trabalho:País não cria vagas com ganhos acima de 2 salários mínimos há 14 anos
O secretário brasileiro de Produtos de Defesa, Marcos Degout, informou que Brasil e Índia negociam dois memorandos de entendimento na área bélica. O primeiro é para ampliação da capacidade produtiva da industria de defesa. E o segundo visa a constituição de um fundo com recursos privados para investimentos em projetos de defesa.
Se os projetos avançarem, Degout estima que o Brasil poderá exportar US$ 1 bilhão em armamentos por ano para a Índia dentro de cinco a dez anos.
Fonte: oglobo.globo.com