Empresas de vida longa podem se beneficiar da experiência acumulada ao longo dos anos — mas ficar presas à tradição pode ter um efeito negativo. Foi o que ocorreu com a Taurus, fabricante gaúcha de armas. Comprada em 2014 pela Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), a empresa fundada em 1939 encontrava-se mergulhada em dívidas. “Ela estava perdida, sem processos definidos e com prejuízo acumulado”, diz Salesio Nuhs, presidente da Taurus. Depois de mapear os processos e realizar diagnósticos, a nova gestão iniciou uma transformação total da companhia.
Colocou em prática ações para recuperar o caixa, como a renegociação de dívidas com credores, e tratou de reorganizar a casa: todos os processos foram revistos e, onde foi possível, automatizados. Nesse percurso, a Taurus se desfez de negócios secundários para concentrar seus investimentos no mercado de armas de fogo. Com um portfólio mais amplo e atualizado, conseguiu conquistar novos mercados. O resultado foi positivo: saiu de um prejuízo de 286 milhões de reais, em 2017, para um lucro líquido superior a 20 milhões, nos três primeiros trimestres de 2019 (os dados do último trimestre ainda não foram fechados). Veja o passo a passo da reestruturação.
FOCO NO CENTRO DO NEGÓCIO
Embora a fabricação de armas seja sua atividade principal, a Taurus mantinha operações secundárias, como a produção de porcas e parafusos usados nos revólveres, além de um negócio voltado para a venda de capacetes. Após o diagnóstico, a alta gestão concluiu que seria melhor se desfazer dessas atividades e centrar esforços nos produtos principais
DEFINIÇÃO DE NOVOS PROCESSOS
Antes com três fábricas em Porto Alegre e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, a Taurus fechou duas unidades e focou a ampliação de uma única, no interior gaúcho. Os processos de fabricação foram padronizados. Além disso, funcionários foram destacados como “guardiões dos processos”, atuando como consultores internos, com total domínio da operação.
RENOVAÇÃO DOS PRODUTOS
Por meio de pesquisas de mercado, a empresa percebeu que os produtos ofertados estavam desatualizados. Assim, decidiu investir na criação de novos produtos para enriquecer as já existentes linhas de revólveres e pistolas e para lançar uma coleção de armas táticas, além de opções de armas longas e esportivas.
BUSCA POR NOVOS MERCADOS
Em um mercado de opera sob uma regulação complexa e globalmente heterogênea, a Taurus redefiniu seu protocolo com o objetivo de alcançar outros níveis de qualidade. Para isso, levou em conta as legislações de diversos países e instituições, fazendo com que seus produtos ficassem aptos a conquistar outros mercados.
Resultado, desde 2017, quando as mudanças de gestão tiveram início, a Taurus:
- Acrescentou 32 produtos em seu catálogo, responsáveis por 62% da receita de 2019.
- Ganhou mercado no continente africano e em países asiáticos, como Bangladesh e Filipinas.
- Aumentou em 145% a produtividade na fabricação de armas de fogo.
Via Exame